quarta-feira, 7 de abril de 2010

O quanto você confia no vendedor?

Depois de um dia exaustivo de trabalho, todas as garrafas parecem iguais

Era quinta-feira santa e eu praticamente dançava entre as prateleiras de minha distribuidora favorita de bebidas, sem saber o que escolher para o feriadão - um verde? um espumante novo ou o de sempre? um tinto! (mas que tinto, meu Deus?). Ao redor, uma turba de compradores passava pelo mesmo dilema - só que com uma diferença: eles simplesmente estavam se entregando aos vendedores da loja.

A conversa era a mesma para todos: alguma preferência, senhor? E se o freguês não expressasse em termos claros que tipo de uva, país ou qualidade preferia, o roteiro sugerido pelo vendedor parecia sempre igual - a seção de promoções (com uma passadinha antes pela prateleira de portugueses, por motivos os quais desconheço). Até simpatizei com uma vendedora baixinha que usava, assim como eu, uns pingentes em formato de pimenta pendurados no pescoço, mas preferi fazer minhas buscas sozinha mesmo.

Aí uma coisa engraçada aconteceu: possivelmente pelo cansaço de duas semanas sem dormir somados aos óculos de grau que ainda não ficaram prontos, eu - que a estas alturas espremia os olhos (e os miolos) numa vã tentativa de fazer o vinho perfeito saltar à vista - de repente assumi uma espécie de aura de connaisseuse (assim, em francês mesmo pra ficar ainda mais digno). E os rapazes e moças, e senhorinhas também, começaram a puxar conversa para ver se eu oferecia uma opção mais interessante de compra naquela noite abafada.

Perguntaram se eu preferia branco ou tinto, se argentino era melhor que chileno, se esta loja era mais em conta que aquela outra. Dei meus pitacos aqui e acolá com muita cautela, balançando mais a cabeça que falando - afinal, a única coisa que tenho segurança para falar categoricamente é que Gato Negro causa amnésia-do-dia-seguinte. Juntei minhas garrafinhas e tratei de dar o fora dali o mais rápido possível.

No final das contas, tenho que admitir que fui atrás do conselho da vendedora simpática com as pimentas no pescoço - e acabei acrescentando às minhas compras um tinto da promoção, mesmo desconfiando que a bebida não vai ser lá a última coca-cola do deserto.

E você?

Confia no vendedor na hora de comprar seus vinhos? Puxa conversa com alguém na loja? Ou às vezes se dá ao luxo de brincar de uni-duni-tê só para adicionar um pouco de emoção à compra?

3 comentários:

  1. Post bem interessante este!

    Eu acho que é uma coisa muito variável. Conheço lojas onde os vendedores não entendem nada, outras que os vendedores são sommeliers.

    Mas acho que existe um denominador comum: Pra fazer boas compras, o consumidor precisa ter algum conhecimento sobre vinhos, independente do conselho do vendedor.

    Não é pecado aceitar conselhos, nem atestado de falta de conhecimento. Mas alguém que não sabe nada não vai conseguir tirar proveito de uma boa recomendação, nem rejeitar um conselho ruim.

    Boa discussão, essa!
    Um abraço,

    Alexandre
    http://etilicasnotas.blogspot.com/

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  2. Gosto não se discute...
    Mas como ja foi dito, quem não tem muita experiencia no assunto tem que confiar!!!

    Abraço...

    Gostei do blog

    http://novosdegustadores.blogspot.com/

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  3. Fabiana,
    Via de regra eu confio e até gosto de bater papo com os vendedores, a gente sempre aprende algo. Ainda não aconteceu de ser enganado. Mas claro que algumas vezes encontramos o vendedor over-selling e aí precisa ter cuidado para não comprar gato por lebre.
    Vendedor que fica elogiando demais o vinho, eu desligo e não presto atenção.
    Abraços

    Paulo
    http://nossovinho.com

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