quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O case Calamares: vinho verde que vem com branding!



Olhe para este rótulo e feche os olhos. Que imagens vêm a sua mente?

Já há alguns meses, todas as vezes que adentro qualquer supermercado/atacado/distribuidora de bebidas a curiosidade enológica me impele em direção à estante de vinhos verdes - com tanta força quanto meu sobrinho de sete anos costuma me arrastar para a seção dos Power Rangers nas lojas de brinquedo.

Enquanto meu lado racional - leia-se a carteira - segue adiando o sonho de experimentar tal iguaria, a inteligência (?) emocional vem me proporcionando momentos de reflexão altamente produtiva a respeito do vinho verde mais encontrado aqui em Recife: o Calamares.

Na minha cabeça, o rótulo já diz tudo: tem uns polvos (ou seriam lulas?), ladeando um belo lagostim - que em terras pernambucanas pode ser chamado de pituzão de classe. O nome e a descrição - Vinho Verde, dã! -, e só. O resto da magia fica por conta da garrafa de formato diferenciado, meio bola, meio elipse, mostrando o vinho em todo o seu esplendor e transparência.

O que você imaginaria que uma bebida assim iria te proporcionar? Frescor? elegância? uma tarde ensolarada de setembro a bordo de um iate nas Ilhas Gregas? Eu penso em tudo isso quando vejo uma garrafa de Calamares. E olhe lá - leve em consideração que a pessoa que vos escreve nunca bebeu vinho verde (e muito menos conhece as Ilhas Gregas).

Resumindo, um trabalho de branding danado de bom.

Parada para a cultura: o que é branding mesmo?

"Branding é um trabalho de construção de uma marca junto ao mercado. Cria-se uma imagem que possa ser reconhecida por todo o mercado de forma que o produto que seja rotulado por aquela marca transmita confiança ao consumidor, fazendo-o preferir o produto de “marca” do que outro produto idêntico sem marca (PICCAGLIA Eliel, 2008)."

Fonte: Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Branding)
Sacou?

Voltemos agora a nossas elucubrações.

Assim como no turismo, no cinema e na literatura, branding também é fundamental no mundo dos vinhos. Uma marca bem arrumada, elementos escolhidos a dedo no rótulo e até uma garrafa específica fazem milagres quando se trata de chamar a atenção em meio a dezenas de concorrentes na prateleira - alguns deles naqueles garrafões pavorosos cobertos por um trançado fake de plástico imitando palha.

Faça uma pesquisa em seu HD mental e coloque no papel: quantos vinhos já não lhe conquistaram antes mesmo do primeiro gole, só por causa da imagem? É por não serem ingênuos que produtores como a Salton e a Miolo (só pra citar nacionais) investem tanto na construção do branding de seus produtos. Um bom exemplo é o Miolo Gamay 2008, que muita gente andou comentando que nem era tão bom, mas bombou em vendas por causa do rótulo fofíssimo desenhado pelo Romero Britto.

Tudo bem que não sou exemplo para nada, mas agora não posso ver a foto de um lagostim que já lembro do tal vinho verde. E das Ilhas Gregas.

O que me faz lembrar... o feriadão de 12 de outubro vem aí. E é bem possível que eu finalmente resolva experimentar uma garrafa de Calamares. Aí eu comento o resultado por aqui.

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