quinta-feira, 25 de junho de 2009

Dos aromas

Já há algum tempo, marido tem sido alvo de uma perseguição implacável por parte de minha pessoa - mas com um nobre objetivo: fazê-lo relatar os aromas dos vinhos que andamos a experimentar. Invariavelmente, a resposta que obtenho do cidadão é: "Como eu vou saber se este vinho tem aroma de carvalho se eu nunca cheirei um carvalho na vida?". E não é que ontem, assistindo ao primeiro episódio de Big Wine Adventure, as observações de meu consorte tiveram eco nas sábias palavras de James May?

O fato (ou wine fact, como diria James) é que não adianta pedir a alguém para descrever os aromas complexos de um vinho sem que este alguém antes conheça e memorize os odores que possam aparecer. Por isso mesmo Oz colocou o pobre James para cheirar desde pêssegos, folhas e grama até elementos pouco ortodoxos como sola de sapato e caquinha de vaca ("Você não precisava me fazer cheirar estrume para eu saber que um vinho com este aroma não presta, Oz!").

O que nos coloca - a mim e a marido - em uma posição ainda mais desafiadora! Estando em pleno Nordeste-maravilha, onde abundam frutas como siriguela, cambará, mangaba, umbu, cajá, pitomba, sapoti e oiti*, para aprender mais sobre vinhos precisamos nos familiarizar com o aroma de elementos quase alienígenas - como amoras, mirtilos e framboesas.

E aí, o que se faz?

Enquanto não encontro uma resposta, vou aproveitando cada ia ao supermercado para aguçar o olfato.

* meus agradecimentos a dona Verônica, pela contribuição na lista de frutas regionais.

5 comentários:

  1. Vamos pensar juntas? Esses aromas de mirtilos, amoras e framboesas foram certamente definidos por pessoas que não conhecem siriguela, cambará & cia. E quem disse que o aroma da framboesa provoca em mim a mesma reação que neles? Por essas e outras é que eu adoro a frase do proprietário da Domaine de Romaneé-Conti: “Não fico surpreso que as pessoas não identifiquem estes aromas todos nos vinhos que compram. Eu mesmo não sou capaz de reconhecê-los. Aliás, acho muito aborrecido. Não estou interessado nisso, e sim na personalidade do vinho."

    Aguçar o olfato é uma coisa (e nessa tarefa eu te acompanho). Viajar nele é outra, bem diferente. Muita gente se preocupa mais em descrever o vinho do que apreciá-lo.

    Abraço do outro extremo do país - Garibaldi muito fria!
    Helô

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  2. Helô,

    Que honra receber seu comentário diretamente da linda cidade de Garibaldi! Acho que você tem razão, mais importante que saber descrever um bom vinho é poder apreciá-lo com propriedade :) E quem sabe eu não encontre uns aromas de umbu no próximo chardonnay que experimente?

    Grande abraço,

    Fabiana.

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  3. Que bom que mais pessoas estão se preocupando mais em sentir os aromas do que em dar nome a eles, como se isso pudesse melhorá-los, estou nessa: Adoro os aromas, mas não sei se quero conhecê-los pessoalmente!KKKKKKK

    Um grande e fraternal abraço

    http://prazerporvinhostintos.blogspot.com/

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  4. Marcos,

    obrigada pela visita!

    Vamos combinar então: a gente até aprende do "jeito clássico", mas só enquanto continuar sendo divertido!

    Abraço,

    Fabiana.

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  5. Cara Fabiana.

    Tudo bem!!

    Pode e deve ser mesmo divertido identificar os aromas, o problema é que eu, por exemplo, prefiro apenas apreciá-los, mas sem querer identificá-los e parece que virou uma regra que se você não souber o nome do que está sentindo você não está sentindo.

    Menos né!!!

    Um abração

    Marcos

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