terça-feira, 30 de junho de 2009

Miolo Seleção Chardonnay, Riesling e Sauvignon Blanc 2008

Ou: como um bom almoço levantou um vinho não tão bom assim
Ou: Chiwake - uma experiência sensorial

Já diriam nossas avós: a experiência é mãe de todas as ciências. E foi justamente na base do empirismo que descobri na semana passada que sim, é possível transformar um vinho não tão bom em um acompanhamento razoável - dependendo da harmonização.

A situação em questão foi minha segunda (e última) escapulida com o pessoal do trabalho para aproveitar o Recife Restaurant Week. Nossa escolha de local foi o Chiwake, um peruano charmosíssimo localizado no bairro do Espinheiro. E devo dizer, foi uma experiência altamente sensorial.

Começamos pelo olfato: já na entrada, fomos agraciados com um ambiente delicadamente perfumado com aroma de canela. Como decidimos chegar cedo para o almoço, nosso tato também foi premiado; em pouco tempo estávamos confortavelmente acomodados em um das mesas do salão frontal - com destaque para um detalhe que fez toda a diferença: uma pequena plataforma embaixo de cada mesa, específica para acomodar as (cada-dia-mais-maxi) bolsas ostentadas pelos exemplares do sexo feminino.

O atendimento merece uma descrição à parte. Foi a primeira vez que estive em um restaurante em que o garçom sabia exatamente TUDO sobre a carta de vinhos! Infelizmente isto ainda é uma raridade nas comedorias classe-média que frequento aqui no Recife.

O menu do Chiwake para o Restaurant Week, apesar de contido em termos de volume, estava extremamente saboroso: a entrada era um mini cebiche de pescado com um forte toque de limão, acompanhado de milho verde e uma fina lâmina de batata doce. No prato principal, filé alto grelhado com purê de jerimum, feijão com chimichurri e couve crispy. E para a sobremesa, um pecado em forma de torta de graviola.

Para acompanhar, eu - que estava louca para tomar um chardonnay - acabei pedindo meia garrafa de um Miolo Seleção 2008, corte de chardonnay, riesling e sauvignon blanc. Tudo bem, vamos dar um desconto: desde o princípio eu sabia que o vinho não ia dar nem um pouco certo com a comida, mas tem dias que o capricho e a vontade de experimentar falam mais alto. Então lá fui eu, com meu branquinho na mão, fazer o ritual de degustação. O vinho tinha uma cor super pálida na taça, com lágrimas grossas. Os aromas me lembraram muito umbu (já estou começando a sentir odores regionais!), maçã verde, abacaxi, mel e frutas cítricas.

Em boca este Miolo decepcionou um pouco: era leve demais, simples, com pouquíssimo corpo. Mas na hora, junto com aquele almoço maravilhoso, quem se importou? Foi uma das ocasiões em que, de fato, comemos agradecendo a Deus pela dádiva do paladar.

Enxerida, resolvi levar de lembrança a garrafa de 375 ml do vinho, ainda com um quarto de seu conteúdo. E não é que, experimentando o resto depois, me dei conta de que sozinho ele tem praticamente gosto de água? Só consigo pensar a refeição que salvou a bebida...

Enfim - meu branco favorito continua sendo o Concha Y Toro Sunrise Chardonnay.

Por fim - mas não menos importante, minha última impressão sensorial sobre o Chiwake. Ao fim da refeição o barulho dentro do restaurante era tanto (mas tanto, mas tanto), que ao sair para a rua tive a grata sensação de estar entrando em um mosteiro. Uma pena...

Classificação (do vinho): \o/

Nenhum comentário:

Postar um comentário